Forcados Amadores de Alcochete

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40 Anos na Arte de Pegar Toiros - 09.07.211 Alcochete

No passado dia 9 de Julho, Sábado, Alcochete e os seus forcados amadores estiveram em festa, comemorando os seus 40 anos, na que foi também a II Corrida do Município de Alcochete. Poder-se à dizer que foi uma corrida longa, mas afinal qual é a corrida festiva ou de homenagem que não o é. No entanto isso não foi motivo para deixar de ter sido uma noite mais do que agradável, foi uma noite memorável, de emoções e que ficará marcada para sempre na história deste Grupo.

Anteriormente à dita corrida, deu-se um festival de variedades, onde o cavaleiro amador António Prates lidou um novilho Samuel Lupi que foi pegado por António José Cardoso.

A praça preencheu cerca de ¾ da sua lotação, e viu na arena uma centena de forcados fardados, entre antigos, actuais e do futuro. Um dos momentos da noite, entre muitos, foram as cortesias, em que após o seu final todos os elementos na arena se juntaram no centro e ergueram aos céus os seus barretes como que dizendo: “Estevinho (Estêvão Oliveira), Bonanza (Fernando Fernandes), Mano Velho (Gregório Bolota), Hélder (Antoño), Nini (Luís Pinto), Mota (Ricardo Mota), Cismundo (Vítor Marques) e Penca (Vítor Brigue) esta vai para vocês, como todas as outras porque nunca serão esquecidos!”

Os toiros Passanha Sobral vieram à festa a Alcochete, sem intenções de colaborarem nesse ambiente, pois saíram sérios, com poder e a pedirem que os artistas se empregassem, dando valor a quem o fizesse. Diga-se ainda, muito bem apresentados.

40 anos na arte de pegar toiros foi o mote, e como se de uma tradição se tratasse o primeiro forcado a saltar o balcão para pegar foi o ex cabo António Manuel Cardoso “Néné”. Tinha pela frente um toiro encastado de 550Kg que vinha ainda com a boca fechada. O mais que veterano forcado aguentou uma enormidade na primeira tentativa, com o toiro a fugir ao grupo em que se tivesse havido uma mão extra teria sido uma pega monumental. À segunda rematou uma pega de grande valor com uma grande ajuda do seu Grupo!

O segundo da noite estava reservado para outro veteraníssimo forcado, António José Pinto. Escolheu o toiro mais pesado da corrida, 570Kg, também ele com a boca fechada no momento da pega. Era um toiro nobre mas que humilhava em demasia para a pega. O forcado de quase 59 anos recebeu o toiro como poucos o sabem fazer, contudo foi desfeiteado por um violento derrote. Não sofrendo uma colhida grave no chão, porque o cabo Vasco Pinto se fechou de imediato à córnea do Passanha Sobral. À segunda tentativa recebeu o toiro da mesma forma, conseguindo aguentar os diversos derrotes, alguns deles contra o chão, sendo superiormente ajudado pelo Grupo.

Carlos Dias, forcado menos veterano, mas também ele de grande valor, foi quem se seguiu. O seu toiro de 540Kg era algo reservado, sonso na investida, sem se entender muito bem como sairia para o forcado. Saiu a “choto” com o forcado a ter de se empregar no cite. Na primeira tentativa, o forcado no momento da reunião sofre uma forte mangada que não o permitiu fechar-se por completo. À segunda e também com muito valor fechou-se devidamente, aguentou a dureza do toiro e concretizou uma boa pega!

Para o pegar o quarto toiro, de 560Kg, uma das surpresas da noite: Estêvão Oleiro. Forcado retirado do mundo taurino acerca de 13 anos demonstrou que os dons não se perdem, apuram-se. Mostrou em praça o forcado de eleição que é e pegou sem espinhas à primeira tentativa. Deixando ainda mais saudades.

O cabo Vasco Pinto foi o único actual a pegar de caras nesta noite. Esteve mandão perante um toiro de investida imediata. E foi de forma exemplar e perfeita que realizou a sua sorte ao primeiro intento.

Para o fim outra surpresa, o ex cabo João Pedro Bolota a pegar de caras. Sendo que a sua carreira foi feita como primeira ajuda e cernelheiro de excelência, mas também ele quis dar o seu contributo à festa. Pegando com muita coragem e alma ao primeiro intento, contando novamente com uma grande ajuda do Grupo.

Na memória ficam todas estas pegas, cheias de simbolismo e de emoção, pelo que estes forcados significaram não só para o GFA de Alcochete, mas também para toda a forcadagem. Foram e são exemplos dentro e fora da praça, provaram aquilo que já não precisavam de provar: coragem, técnica e uma grande alma de forcado! Para alguns foi talvez o último toiro que pegaram na vida, correram o risco da sua última imagem ser manchada, mas o que lhes importa é que conseguiram de novo fazer o que mais adoram, pegar toiros. Somente isso.

Toda a família Amadores de Alcochete apenas poderá dizer obrigado, pelo que foram, pelo que deram e pelo que são. De certeza que aqueles a quem brindaram no fim das cortesias estão tão orgulhosos como os que estiveram nas bancadas e na arena.

40 anos de sacrifício, de coragem e de humildade! Porque a glória só assim é atingida e unicamente tem importância quando existe esta amizade.

Video por Marco Capito

http://www.youtube.com/watch?v=m3AV9EeDTGk

Sortes de Gaiola

http://sortesdegaiola.blogspot.com/2011/07/aniversario-do-grupo-dos-amadores-de.html

Crónica em Touroeouro.com

http://www.touroeouro.com/index.php/page/news/3/181

Crónica em Naturales

http://www.naturales-tauromaquia.com/cronicas/674-cronica-alcochete

Crónica em Toureio.com

http://www.toureio.com/exp/index.php?option=com_content&view=article&id=3157:reformados-dao-aula-de-catedra-em-alcochete&catid=56:cronicas&Itemid=88

Crónica em Taurodromo