Alcochete, 14 de Agosto de 2016
“Uma Corrida Diferente”
A pedido do cabo, Nuno Santana, cabe-me a responsabilidade de escrever algumas palavras sobre a atuação do nosso Grupo, aquele que será sempre o meu, e pelo qual passaram grandes glórias da forcadagem nacional.
Estou certo que todos eles sempre sentiram ao longo da sua carreia esta corrida do Concurso de Ganadarias, em que por hábito e história, o Grupo se encerra na Praça da sua terra com seis toiros, como especial.
Assim foi mais uma vez, honrou-se a Praça de Alcochete, os Forcados Alcochetanos e todos os aficionados que se habituaram a marcar presença neste dia.
Mentia se não começasse por assumir o nervosismo, ansiedade e mágoa por neste dia estar a viver uma nova experiência. Estar do lado de fora sem poder dar o meu contributo. Foram dias e horas a pensar e a mentalizar-me, como seria assim que ouvisse o nosso Passodoble a tocar pela “nossa banda”?
Mas como tudo na vida, passou num ápice. O som tocou e soou como sempre. O coração a mil, uns cigarros para acalmar e toca para diante...
O Grupo está preparado e com alargado leque de escolha que só pode deixar descansado quem o acompanha de perto e sabe o valor que ali existe.
Veio o primeiro, da ganadaria de Canas Vigourox, imponente de estampa e trapio que viria a vencer o prémio de apresentação. Foi escolhido pelo cabo, e bem como todas as decisões que tomou adiante, o forcado Pedro Viegas, que está num grande momento de forma e mais uma vez o comprovou. Tranquilo no cite e portentoso a aguentar os primeiros derrotes até entrar um dos melhores primeiros ajudas que Alcochete viu nascer, João Rei, para de seguida o Grupo fechar como mandam as regras.
Infelizmente, como nota menos positiva, e única da tarde, a lesão do João nessa pega que o privou de dar o contributo ao longo da tarde. Quem o conhece sabe bem o que lhe custou. Serão sempre poucas as palavras de reconhecimento que possamos ter para com ele. É grande?! Não! É enorme!
O toiro seguinte, de Passanha Sobral, um “charuto” que impunha respeito pela seriedade, exigia máxima competência do forcado. Foi eleito Fernando Quintela. Forcado de recorte fino e imagem frágil, faz parecer fácil o que é difícil. Na curta, mas bonita carreia de forcado tem ao longo dos anos marcado a sua presença no panorama nacional. A maneira como retira a investida (mangada) aos toiros trazendo-os nas pontas das chinelas está só ao alcance dos grandes Forcados.
O terceiro da ordem era pertencente à ganadaria Palha, toiro com nobreza mas que não veio para facilitar a tarefa do toureiro e forcado. Eleito para se colocar por diante dele foi o forcado António José Cardoso, filho da antiga glória e cabo, Nené, que se Deus quiser passará rapidamente a ganhar o seu próprio estatuto. Dá gosto e prazer ver como pisa, como sabe cada passo que dá e sabe o que está a fazer. Esteve sublime na cara do toiro, concretizou “à córnea” uma pega limpa e de elevado nível artístico.
Após o intervalo e para quarto da ordem estava “guardado outro charuto” em que a maior dificuldade que apresentava era a cara (córnea fechada), que não só dificultava a tarefa do forcado da cara entrar, como do Grupo a ajudar. Foi escolhido mais um jovem, Gonçalo Catalão, que com poucos toiros pegados podia acusar a pressão. Mas não foi isso que aconteceu. Querer é poder. Sempre foi em tudo na vida e nos forcados ainda mais. Esteve igual ao que nos vem habituando e será um nome a ter em conta num futuro próximo.
Em quinto lugar saiu o toiro da ganadaria Passanha, vencedor do prémio “bravura” e no registo do que ganadaria nos vem apresentando. O Nuno decidiu dar ao João Pedro Sousa, que comunicara anteriormente ao Grupo que seria a sua despedida. Teve a despedida que eventualmente terá sonhado, num cite bonito como sempre foi seu timbre, reunião perfeito e pega à primeira. Após volta entregou a jaqueta ao cabo e foi saudado pelos colegas no centro da arena sob forte ovação dos aficionados.
A fechar praça o cabo, Nuno Santana, que após ter liderado e gerido o Grupo ao longo da Corrida de forma sóbria e segura, fechou a tarde com uma pega ao primeiro intento perante um toiro que não lhe permitiu a pega vistosa que certamente desejava, mas com eficácia fechou a tarde com seis pegas à primeira.
Nota final e maior, sem desprimor para ninguém, uma palavra para todos os ajudas e rabejador que estiveram soberbos. Parece fácil pegar toiros com um Grupo destes atrás. André Pinto Tavares e Diogo Toorn foram certamente os rostos mais visíveis desta coesão, mas todos os outros estiveram perfeitos. Que orgulho!
É certo que esperam ao Grupo dias menos bons, assim sempre foi e será, mas o futuro será certamente risonho com tanta qualidade e quantidade, que delas fazem parte muitos outros nomes não mencionados na “crónica”, que gostaria que a entendessem apenas como uma partilha de opinião de alguém muito apaixonado pelo Grupo.
Um abraço a todos!
Viva os Amadores de Alcochete!
Vasco
Crónicas
http://www.portadossustos.com/2016/08/cronica-de-alcochete-por-jose-luis.html?m=1
http://www.taurodromo.com/cronica/2016-agosto/12422-corrida-de-toiros-xxxiv-concurso-de-ganadarias-associadas-de-alcochete
Fotografias
http://naturales-tauromaquia.blogspot.pt/2016/08/ganadaria-passanha-vence-trofeu-bravura.html
http://www.solesombra.net/passanha-canas-vigouroux-ganham-concurso-ganadarias-alcochete/