Neste defeso entrevistámos o Forcado André Manuel Pinto Tavares, nascido a 6 de Novembro de 1985.
Nascido no seio da Familia do Grupo Forcados Amadores de Alcochete, fizemos algumas questões para que os aficionados conheçam melhor o André, que deixou as arenas no passado ano, mais propriamente em Agosto, na corrida do Concurso de Ganadarias em Alcochete.
Um valor como pessoa incalculável que se tornou num Forcado inesquecível.
Como começou o teu gosto pelos Forcados e pelos Toiros?Nasci e cresci no seio dos Amadores de Alcochete. O meu avô havia sido um dos fundadores do grupo e os meus tios eram forcados do grupo, de maneira que desde que me lembro de ser gente que o Grupo faz parte do meu dia-a-dia. Desde muito menino acompanhava o meu avô Manuel Pinto e foi pela mão dele que vivi uma infância extremamente saudável e marcante junto do campo, do rio e da ruralidade. Foi ele o meu primeiro melhor amigo e há de o ser para sempre. Foram com ele as primeiras recordações de treinos do grupo, as primeiras idas à lezíria ribatejana onde íamos aos caracóis mas em que eu passava mais tempo a olhar para os toiros do que a apanhar os ditos. As primeiras corridas de toiros em que por mais impossível que fosse um "lateiro" como eu passar pelo porteiro tendo 5 anos, o meu avô insistia em afirmá-lo e no fim lá se arranjava maneira de eu entrar sem pagar. Foram muitas as peripécias que hoje recordo com muita saudade.
No meu entender antes de qualquer característica inerente ao forcado deverão prevalecer as características inerentes ao homem, isto é, valores como o Respeito, a Responsabilidade e Humildade serão sempre os pilares de qualquer bom Homem. Se a estas características juntarmos a Perseverança, o Brio, a Amizade e a Camaradagem então teremos um homem pronto para se aperfeiçoar como Forcado.
Ao longo da minha carreira tive o privilégio de pisar a arena com grandes Forcados, exemplos de uma valentia, garra e abnegação extremas. No entanto, na impossibilidade de os identificar a todos e sobe pena de me falhar algum, vou apenas fazer referência a um homem que sente o ser Amador como ninguém, ele é a maior biblioteca viva dos Amadores de Alcochete de seu nome Francisco Marques “Chalana”. Na sua memória, digna de um elefante, estão vivos e detalhados todos os momentos mais marcantes incluindo as historias que se haviam perdido no tempo. Para a minha geração muita da história dos Amadores foi nos dada a beber através de infindáveis noites a ouvir o “Chalana”.
A primeira vez que vesti a jaqueta do nosso grupo foi com 13 anos em 1999 numa novilhada, dai até chegar ao grupo principal decorreram 2 anos. Em Agosto de 2001 fardei-me pela primeira vez numa corrida para valer, em Samora Correia, desse momento até à minha ultima corrida em Agosto de 2018 decorreram 18 épocas vestindo a jaqueta do Amadores.
No final do sexto toiro houve ainda tempo para eu agradecer à praça e à aficcion Alcochetana, dizendo adeus à vida activa de Forcado.
Quem encarar esta actividade como eu tive o gosto de encarar ao longo da minha carreira com toda a certeza tirará ensinamentos para todos os outros campos da sua vida. Valores como a Amizade, Responsabilidade, Superação, Abnegação, Perseverança e Exigência são transversais e poderão ser válidos em qualquer circunstância, mas é sobretudo nos momentos mais complicados em que surgem obstáculos prontos a colocar em causa os objectivos que traçamos para a nossa vida que mais úteis estes se revelam.
Entre muitas outras há uma engraçada da nossa viagem aos Açores em 2006. Um dos amigos que nos acompanhou nessa viagem levava consigo uma geleira atulhada de... ’caracóis!’ para fazer o petisco na casa de um parente seu na Ilha Terceira. Aquela geleira cheia de caracóis foi na cabine do avião, mas como era demasiado alta não se conseguia arrumar direita nos compartimentos. Então foi na horizontal juntamente com as bagagens dos restantes passageiros. Alguns desses passageiros eram uma banda de musica, que por sinal também levavam consigo na cabine os instrumentos e as mesas de som… exatamente ao lado da geleira dos caracóis. A meio do voo, caracóis a libertarem ranho e água na geleira, e a dita geleira tombada começa a pingar aquela mistura em cima de um dos rapazes da banda sentado à nossa frente. O rapaz alarmado a tentar perceber de onde vinham aqueles pingos que estavam prestes a ensopar o sistema de som da banda e o nosso amigo com a maior calma do mundo solta..."Alto isso é capaz de vir dos meus caracóis". Momento de gargalhada para quem assistiu, exceto claro está, para os rapazes da banda que bufavam e praguejavam, mas depois de perceberem que eram só umas gotitas de ranhoca dos caracóis lá entraram também na palhaçada...
Rápidas
O Toiro que mais te marcou?
Maria Guiomar Cortes Moura - Campo Pequeno 2013
A tua Ganaderia Favorita?
Murteira Grave
A tua Praça Favorita?
Alcochete sem dúvida
A tua Paixão?
Forcados Amadores de Alcochete
Passatempo?
Desporto, Música e Concertos
Filme?
O Pianista
Clube?
Grupo Desportivo Alcochetense e FCPorto
Jogador?
Deco
Viagem?
Polinésia
Prato?
Favas, de todas as formas