No seguimento da coluna a que demos início a semana passada, apresentamos mais uma entrevista, desta vez é João Machacaz que se despediu no final desta temporada.
Nome : João Nuno Machacaz Sebastião
1.ª Fardação : 09/04/2015 no Campo Pequeno
Épocas em atividade : 5
1. O que é para ti ser forcado do nosso Grupo?
Ser forcado do nosso grupo é, sem dúvida um orgulho. É um orgulho enorme poder vestir esta jaqueta, com um historial muito pesado e digno. Assim como um privilégio de poder ter conhecido das melhores pessoas que hoje fazem parte da minha vida, (amigos/irmãos) que vou levar para o resto da vida. Mesmo para lá do mundo taurino. O respeito, amizade, camaradagem está a cima de tudo, e isso sem dúvida é o melhor que posso levar do nosso querido grupo.
2. Quem é que é, ou foi, para ti uma referência?
Sem querer descriminar ninguém, e porque para mim a cima do forcado está o homem. Dentro de praça poderia enumerar muitos, e acredito que faltaria sempre alguns. Contudo a grande referência dentro, e fora de praça que tenho, é o Luís Santos (bomboca). Elemento discreto, de uma simplicidade e humildade fora do normal, onde dentro de praça é, há uns anos para cá, um pilar fundamental, e fora dela um exemplo de pessoa a seguir. Sempre pronto a colaborar, ajudar, trabalhar, disponível para o que for preciso, seja a nível do grupo, ou simplesmente a nível pessoal ... Posso ser suspeito, pois para mim é como um irmão, mas quem o conheceu à 12 anos e conhece agora, e viu as mudanças físicas que este sofreu pelo facto de ter um sonho, (ser forcado), o quanto se empenhou, batalhou e batalha diariamente, é de tirar o chapéu. E aí, eu tiro o meu.
3. O que foi que te marcou mais no Grupo de Forcados Amadores de Alcochete?
Infelizmente o que mais me marcou no nosso grupo, foi sem dúvida a noite do 15 de Setembro de 2017, onde perdemos o nosso querido anjo das calças de ganga. Noite marcante para o resto da vida, pela qual nunca estamos preparados para uma colhida desta dimensão... Hoje sabemos que temos mais essa estrelinha a brilhar por nós. Mas só nós sabemos o quanto dávamos para não ter essa estrela a zelar por nós...
4. Como descreves a tua carreira de forcado?
A minha carreira de forcado descrevo de uma forma muito simples. Simplesmente fui mais um forcado, como tantos outros, com um sonho de criança, onde a minha grande paixão sempre foi o Toiro. Hoje estou eternamente grato a esse belo animal. Pois tudo o que conheço, ou sou hoje, devo ao toiro. Foi ele que proporcionou as grandes amizades que tenho hoje, que me fez conhecer Portugal de norte a sul, França, Espanha, ilhas e México, que me colocou no meio da nossa família, e que tantas tarde boas e menos boas me deu. Sempre tentei dar o meu melhor e sempre me entreguei de coração portanto, descrevo a minha carreira de forçado como sendo normal. Afinal todos nós tentamos dar o nosso melhor e de coração aberto.
4. Como vês actualmente a tauromaquia?
Actualmente vejo a tauromaquia no estado muito preocupante, e fragilizado. Onde nós, apaixonados da festa brava ou pensamos seriamente em nos juntarmos, e lutar pelas nossas causas, ou se nos sentarmos à espera que o vizinho do lado o faça por nós, poderemos estar perante a extinção de uma raça, e término da nossa grande paixão. Acho que chega de dizermos que "isto nunca vai acabar" , que "eles não têm força", que "são meia dúzia" e afins, como todos nós ouvimos. E temos sim que arregaçar as mangas e colocar mãos à obras, pois se não o fizermos, num futuro próximo, os nosso netos, poderam já não ter o prazer de apreciar este belo animal, desfrutar de uma bela lide e vibrar com uma exelente pega.