Esta semana entrevistamos mais um forcado dos mais antigos. É uma peça fundamental, um pilar, neste enorme puzzle que são os Amadores de Alcochete. Forcado polivalente, que executa qualquer das posições de ajuda. É um conceituado ajuda no panorama tauromáquico nacional. Já nos fez vibrar em várias tardes e noites toiros e, certamente, irá continuar a fazê-lo por muitos anos.
Nome : Diogo Pedreira Van Den Toorn
1.ª Fardação : 17/07/04 em Bayonne (França)
Épocas em atividade : 16
O que é para ti ser forcado do nosso Grupo ?
Ter o privilégio de fazer parte dos amadores de Alcochete é algo que não se explica, sente-se! Fazer parte de uma família com décadas de história, pautadas por valores baseados no respeito, na amizade, na camaradagem e no rigor é, sem dúvida, um orgulho. Poder aplicar todos estes princípios na nossa vida diária é o melhor que o grupo nos dá. Pensamos que damos tudo de nós e que fazemos tudo em prol do grupo mas no fim percebemos que tudo o que recebemos é demasiado valioso para a nossa vida. Dois terços da minha vida estão ligados aos amadores e agradeço a Deus todos os dias por isso. Tem muita responsabilidade na pessoa que sou hoje, e em todos os que nesta família passaram.
Quem é que é, ou foi, para ti uma referência?
No nosso grupo não é difícil falar em referências. Sempre tivemos grandes forcados em todas as gerações. Cresci a apreciar o João Pedro Bolota, não só a ajudar mas a comandar um grupo de miúdos que fizeram homens. Uma nota para o André que foi ‘diferente’. Nos outros grupos sempre tive especial atenção aos 1ªs, também para poder absorver algo que pudesse ser útil. Dos que vi, sempre me guiei pelo Nelson, pelos Luíses, e por mais alguns que me foram ‘enchendo as medidas’. O número 1 é o João Ângelo.
O que foi que te marcou mais no Grupo de Forcados Amadores de Alcochete?
Infelizmente, é inevitável falar do Fernando e do Mota. Feridas que não se saram. Também pela negativa, duas lesões graves que acompanhei de perto, casos do Pedro Gil e do Vinagre. Pela positiva marcam-me todos os dias perceber e agradecer tudo o que esta família me proporcionou e continua a proporcionar. Momentos inesquecíveis em Espanha, França, no México, nos Açores ou no continente, com histórias, momentos de êxito, momentos de glória mas por vezes de sacrifico, que fazem com que esta passagem seja única!
O que é que, para ti, distingue o Grupo de Forcados Amadores de Alcochete?
Todos os grupos têm o seu caminho e a sua história. Mas como diria um alcochetano: ‘há coisas que não se compram na farmácia!’. E, independentemente do que se possa passar em praça ( a sorte também faz parte desta vida ), temos uma história e uma cultura própria que falam por si. Valores e tradições que se mantêm, mais que um grupo de forcados, uma família unida (algumas são segredo). Temos o ‘Chalana’, onde as histórias e os pergaminhos são passados em horas de conversas a fio.. Temos um ‘Dr. Passarinho’ que muitas vezes ‘pega o touro mais difícil’.. os pequenos pormenores é que fazem as grandes diferenças!
Com muitos jovens no grupo, como prevês o futuro do nosso Grupo?
Era bom que estivesse a festa com a saúde e vitalidade do nosso Grupo. Felizmente temos muitos jovens a aparecer e a querer fazer parte desta família, e com muita vontade de serem forcados. O touro é o nosso principal foco e tudo o que somos a ele o devemos. Tentamos incutir a técnica e o processo mas ao mesmo tempo os valores para que possam chegar aos ‘titulares’. A vontade, o espírito de sacrifico, entre outras já tem que vir dentro de cada um. A amizade e a experiência ajudam a limar essas arestas e é nesse sentido que se torna difícil dar oportunidades a todos com o momento que a festa atravessa. O Futuro do grupo tenho a certeza que está garantido. O da festa esperemos que sim...